Neurologia e Medicina do Sono

Esclerose Múltipla

Esclerose Múltipla (EM) é uma doença em que acontece um processo inflamatório contra o sistema nervoso central (cerebro, tronco cerebral, cerebelo e medula espinhal). É chamada também de doença desmielinizante, pois as lesões afetam inicialmente a mielina, que envolve os neurônios e é responsável pela transmissão do impulso nervoso. Posteriormente, as próprias células cerebrais são atingidas, provocando dano neurológico muitas vezes irreversível.

As causas da doença não são conhecidas e, até o momento, exitem apenas hipóteses. Embora não seja uma doença hereditária, é necessária uma susceptibilidade genética, além de fatores ambientais, como alguns vírus e deficiência de vitamina D.

O diagnóstico da doença é baseado principalmente nos sinais e sintomas apresentados pelo paciente e nos achados do exame de Ressonância Magnética. Estes exames, além de contribuírem para o diagnóstico, servem para excluir diversas patologias que podem causar sintomas semelhantes à esclerose múltipla.

O diagnóstico precoce é muito importante. Várias pesquisas mostram que o tratamento nos estágios inicias da doença melhora o prognóstico a longo prazo, diminuindo sequelas neurológicas e melhorando a qualidade de vida das pessoas com EM.

Como a EM afeta todo o sistema nervoso, os sintomas podem ser muito variáveis e dependem de qual local do cérebro ou da medula está acometido. Dentre os sintomas frequentes, podemos encontrar:
- Alterações visuais: perda visual progressiva, geralmente em um dos olhos; visão dupla;
- Alterações sensitivas: perda do tato ou formigamento em um lado do corpo, na face ou em ambas as pernas;
- Alterações motoras: fraqueza ou perda de força em um lado do corpo, nas pernas, ou desvio da boca; perda do equilíbrio, dificuldade para caminhar ou vertigem recorrente;
- Alterações genitourinárias: constipação, retenção ou incontinência urinária, disfunção sexual;
- Alterações do humor e cognitivas: depressão, ansiedade, alteração da memória;
Além disso, a maioria dos pacientes com EM apresenta fadiga, que é uma sensação de exaustão física, independente das atividades realizadas diariamente.

A EM tem curso e apresentação variável. A característica clínica mais frequente é a ocorrência de surtos, em que os paciente apresentam algum sintoma da doença (qualquer um dos descritos acima), que se instalam em alguns dias ou semanas e após melhoram gradualmente (chamada de forma surto-remissão). Por exemplo, se um paciente com EM tiver um surto compatível com uma Neurite Óptica (lesão no nervo da visão), os sintomas podem iniciar com dor à movimentação ocular, evoluindo com perda visual progressiva e em graus variáveis em um dos olhos a longo de alguns dias, seguido de recuperação parcial ou total da visão. Sem tratamento, os pacientes podem ter menos de um a vários surtos por ano.
Menos de 10% dos pacientes não apresentam surtos, e os sintomas progridem lentamente desde o início da doença. Outros, depois de um período de anos com a doença em forma de surtos e remissões, podem apresentam progressão dos sintomas.

A maioria dos estudos mostram que a idade média de início das formas surto-remissão da EM é de 29 a 32 anos. Cerca de 5% dos casos tem início dos sintomas antes do 18 anos. A doença também ocorrem com uma frequência um pouco maior nas mulheres, com uma taxa de 1,77 mulheres para cada homem com EM. A doença é mais frequente em possoas de raça branca, principalmente de descendência europeia.

O tratamento da EM é multidisciplinar. Atualmente, existem medicações que podem ser utilizadas em todas as fases da doença, e a escolha do melhor tratamento é individualizada para cada paciente. O objetivo do tratamento é diminuir o número de surtos, evitar a progressão da doença, diminuir as incapacidades e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Além do tratamento com medicamentos, toda a equipe multidisciplinar é importante. Como os pacientes apresentam sintomas motores, como fraqueza e alteração do equilíbrio, a fisioterapia é fundamental.